Águas Minerais : Jornal do Brasil


Águas minerais são fonte de saúde, mas faltam médicos.


Paulo Marcio Vaz
Jornal do Brasil
22/3/2008
Dia Internacional da Água

O geólogo brasileiro Fábio Lazzerini não costuma se referir à água no singular. Acostumado a fazer prospecções por todo o Brasil, ele conhece como poucos a enorme variedade das águas minerais brasileiras e, apesar de não ser médico, sabe, por experiência própria, quais são as propriedades medicinais de muitas delas. Lazzerini é uma exceção no país, assim como a médica homeopata Nélida Fontana, que prescreve águas a seus pacientes em São Paulo.

Em geral, quando um paciente me procura, chega em estado lastimável, com uns 20 remédios prescritos. A partir do tratamento com as águas, na medida do possível, vou tirando as drogas - afirma Nélida.

Lazzerini e Nélida se encontraram semana passada no tradicional Hotel Brasil, em São Lourenço (MG), que abrigou o 7º Fórum das Águas, no qual foram abordados aspectos sobre a questão das águas minerais no país. O hotel fica a poucos metros do Parque das Águas de São Lourenço, que, em outros tempos, serviu para ajudar a curar pacientes e manter a saúde de turistas que, hoje, se perdem no parque, em meio a nove fontes e um balneário recém-reformado, sem saber exatamente quais águas usar, o que, segundo Nélida, pode resultar em uma "bela dor de barriga".

Para que as águas façam o efeito desejado, é importante que em cada parque, como o de São Lourenço, haja um médico especialista em crenologia (tratamento com águas minerais). Caso contrário, é quase como entrar em uma farmácia e sair comprando remédios aleatoriamente, por conta própria - diz Nélida.

Exageros à parte, o fato é que faltam crenologistas (especialistas em tratamento médico com água mineral) no Brasil. Se cada parque de águas brasileiro quisesse contratar um especialista, a solução seria "importar" profissionais. A própria Nélida não sabe citar o nome de mais de três colegas brasileiros.

Livro
Um deles é o médico ortomolecular e sanitarista Márcio Bontempo, autor de diversos livros, entre eles, o Guia das Águas, que descreve as propriedades medicinais das águas de São Lourenço, Caxambu, Cambuquira e Lambari, estâncias hidrominerais do Sul de Minas, cada uma com seu parque cheio de fontes, mas sem crenologistas.

"Antes, médicos prescreviam e orientavam o uso das águas minerais medicinais. Esses profissionais indicavam o que se conhecia como "estação de águas", um período em que a pessoa tinha uma orientação sobre quais águas ingerir e em que quantidade", escreve Bontempo.

Entre os tratamentos, a crenologia prevê desde a ingestão via oral até banhos, passando pela inalação de gases e até injeções de água.

Da mesma forma que um indivíduo entra numa farmácia e, com orientação médica, compra um remédio para queimação no estômago, por exemplo, ele pode entrar no parque, beber uma água específica na dosagem certa e resolver o problema. Em casos como o câncer, as águas podem ajudar no tratamento e diminuir a quantidade de remédios - afirma Bontempo.

No fórum, Nélida Fontana fez um apelo para que a crenologia brasileira saia do fundo do poço:

Antigamente, universidades como a UFRJ tinham a crenologia como matéria regular do curso de medicina. Infelizmente, isso acabou em todas as faculdades do Brasil.





O Dia Mundial da Água





Artigo - Wagner Granja Victer
Jornal do Brasil
22/3/2008





Hoje comemora-se o Dia Mundial da Água. Acredito que é uma data para reflexão de todos e tema vital para o futuro da humanidade. Afinal, a água é diretamente ligada à vida, não só por representar a maior parte da composição de nosso corpo, mas por ser a fonte da produção de alimento, de energia, de transporte e de saúde. É um patrimônio de todos os seres vivos e o mais precioso existente em todo nosso planeta.

O homem vem à Terra em uma bolsa d"água. Um ser que é água em 90% do seu corpo ao nascer, e 70% quando adulto. A necessidade da água para o corpo é maior que o próprio alimento. Conseguimos ficar até 30 dias sem comer, mas somente 5 dias sem ingerir líquidos.

Os desbravadores do passado buscavam na existência da água a raiz de fixação de suas bases e de onde surgiam os primeiros povoados. Os atuais desbravadores dos novos mundos buscam a presença da água nos diversos planetas como sendo um possível sinal de vida e esperança única de sua habitação para a sobrevivência futura de nossa espécie. A FAO, órgão da ONU, apresenta que 60% da população mundial sofrerá com a falta de água nos próximos 20 anos.

Nosso Estado é intimamente ligado às águas, desde o seu nome, Rio de Janeiro. Fato notório nas ações desenvolvimentistas do Império, pelas mãos de Pedro II; na formação de sua geografia, pelo Rio Paraíba do Sul, que cruza todo nosso Estado; às imagens de nossos chafarizes e dos Arcos da Lapa, que trazia a água do Rio Carioca, cuja água, na tradição indígena, mantinha os homens viris e as mulheres bonitas, até o sistema do Guandu, maior estação produtora de água do mundo - "a obra do século", que nos abastece de água e de vida no cotidiano. Afinal, se a maior parte do corpo é de água, o carioca, sua alma e, conseqüentemente, sua ginga, vêm do nosso Guandu, orgulho da Cedae e da Engenharia Brasileira.

Já diz a história que Estácio de Sá ao aportar no Rio de Janeiro tentou se fixar junto à atual Praia Vermelha e abriu o poço da Cara de Cão (referente ao atual nome do morro contíguo ao Pão de Açúcar). Por ser a água salobra e precisando expandir-se, mudou-se para o atual Centro da cidade onde já havia observado um rio de águas límpidas que desaguava no mar na altura do que hoje é a divisa de Flamengo com Botafogo e que esta área era dominada pelos nativos (índios) da época. Iniciou-se então a luta pelo domínio daquela fonte que iria suprir o desenvolvimento da colônia.

Depois de vários combates, em um dos quais o próprio Estácio de Sá foi morto, ergueu-se uma casa de pedra feita pelos portugueses para guardar aquela fonte de água. Os índios não deixaram de tentar retomar esta fonte e em seus ataques gritavam entre seus brados de guerra, a expressão "carioca" que quer dizer casa de branco (cari = branco e oca = casa), como indicação de onde deveriam atacar. Os portugueses, entretanto, achavam que os índios estavam gritando o nome daquele rio ao qual eles queriam proteger e retomar o uso. Portanto, devemos a disputa pelas águas a orgulhosa denominação "carioca".

De toda água existente no planeta, menos de 1% é de água doce própria para tratamento e consumo do ser humano. Destas, cerca de 14% estão no Brasil que contém a maior reserva de água doce do mundo. Se colocássemos toda a água existente no planeta numa garrafa de dois litros, a água doce disponível seria apenas pouco mais que uma gota.

A água que vem dos nossos rios, que brota de nosso subsolo que se guarda nas geleiras e a que nos lava em nossas abençoadas chuvas tem de ser preservada. A poluição que acaba com nossos rios e lagoas e o desmatamento, mais do que uma agressão, consistem em pesadas sentenças de morte da humanidade.

Refazer os hábitos que levam o desperdício é uma obrigação. Mudar a cultura de recurso infinito é questão de sobrevivência. Reciclar o seu uso será o tema do futuro. Preservar, portanto a água, mais do que uma prática é uma ação obrigatória para própria continuidade da existência da espécie humana.







Investidores buscam mais liquidez na água



Jornal do Brasil
22/3/2008


Como a liquidez fugiu dos mercados de crédito e de capitais para os setores de petróleo e ouro, outra classe de ativos que pode oferecer retorno a longo prazo para o investidor perspicaz é a água. A escassez de água é cada vez maior - devido a demanda crescente, populações maiores, padrões de vida mais altos e dietas diferentes. A falta do recurso também ocorre devido a poluição e mudanças climáticas.

Os investidores estão mobilizando fundos para comprar ativos que controlam água e melhoram os fornecimentos, principalmente em países em desenvolvimento como a China, onde populações urbanas crescem assustadoramente.

Muitas dessas cidades triplicaram de tamanho nos últimos 10 anos. Portanto, há demanda não atendida e enorme oportunidade de investimento - conta Kimberly Tara, diretora executiva da FourWinds Capital Management, firma que investe em commodities.

A FourWinds vai começar, este ano, a levantar fundos globais de até 3 bilhões de euros (US$ 4,68 bilhões ou R$ 7,9 bilhões) para investir em água, disse Tara.

A falta d"água já é um sério problema em muitas regiões do mundo, como destacado em um relatório de dezembro da Sustainable Asset Management (SAM), com sede em Zurique, que administra cerca de 8,5 bilhões de francos suíços em ativos. Os lugares vão de sul do Espanha, Maghreb, Oriente Médio, Ásia Central, Paquistão, sul da Índia e norte da China. Nas Américas, o meio-oeste americano, o México e os Andes são as áreas mais afetadas. O leste da Austrália também é prejudicado.

China é um exemplo particularmente forte. Tem um quinto da população do mundo mas apenas 7% da água mundial.

A maior parte dos cinco principais rios do país não é segura para contato humano direto, e o país terá de construir mil usinas de tratamento de esgoto até 2010 para atingir as metas de poluição nacional, afirmam analistas do Citigroup.

Mas nem todos vão se beneficiar. Enquanto algumas cidades chinesas são disputadas para receber investimentos, as áreas rurais ficam em segundo plano, ressaltando uma tendência de poucos recursos para regiões mais pobres e países mais vulneráveis a faltas d"água.

Comércio

Fornecedores de grandes equipamentos para pegar água e tratar o esgoto vão operar em regiões dos países em desenvolvimento, segundo Robert Miller-Bakewell, analista da Merrill Lynch.

Segundo Miller-Bakewell, eles são muito seletivos em relação aos lugares para onde vão, o que significa que grande parte dessa demanda não vai ser atendida a curto prazo.

As tecnologias existem. Você, eu, o Banco Mundial e todos conseguem identificar a necessidade. O grande problema é quem vai pagar por isso - observa.

Partes da África são bastante secas - tanto de água limpa quanto de dinheiro - em uma época que sobem os preços de materiais de concreto e aço para usinas de tratamento.

A estratégia de investimento da FourWinds é buscar projetos de tratamento de água e dessalinização e companhias que fazem medidores, canos e bombas d"água.

Pouco dinheiro pode ser obtido com o controle da água e a cobrança dos consumidores pelo uso do recurso, porque os governos dão subsídios para assegurar que o bem essencial fique bem abaixo do preço quando a demanda é maior.

O aquecimento global deve destruir os padrões de chuvas do mundo - com menos chuvas em pancadas mais pesadas - e derreter as geleiras das quais dependem centenas de milhões de pessoas na Ásia e América do Sul.

Alguns governos se preocupam com a atenção dada ao combate às causas da mudança climática, principalmente em se tratando das emissões de gases do efeito estufa, e precisam lidar com o dano que já está ocorrendo, ou prestes a ocorrer.

Um colapso da monção de verão indiana que deve acontecer até o próximo ano é um dos riscos climáticos mais imediatos e sérios para o mundo, de acordo com pesquisa divulgada pela Universidade do Leste de Anglia na Inglaterra no mês passado. A seca é talvez a ameaça mais imediata das mudanças climáticas. Mas mesmo sem aquecimento global, as aspirações dos novos integrantes da classe média na Ásia são um desafio.

Um europeu médio usa de 150 a 400 litros de água diariamente para suas necessidades pessoais, segundo relatório da SAM. O consumo nos EUA é quase duas vezes mais alto, mas, na China, o número chega a apenas 90 litros por dia em média, enquanto que em muitos países em desenvolvimento está abaixo dos 50 litros por dia, marca mínima estabelecida pela Organização de Agricultura e Alimentos (FAO).




Nutrição e indústria cosmética também são beneficiadas


Mesmo sem saber muito bem como utilizar as águas minerais, turistas – principalmente idosos – que vão aos parques e bebem nas fontes costumam apresentar melhoras na saúde. A observação é da nutricionista Mônica Rodrigues.

- Em geral, pessoas idosas tendem a ingerir menos líquidos, o que pode causar desidratação. A visita a estâncias hidrominerais faz com que eles, naturalmente, bebam mais água. Isso, independente das propriedades de cada fonte, hidrata o organismo e contribui para melhorar alguns aspectos da saúde – explica Mônica.

Entre as águas mais ingeridas em São Lourenço estão a alcalina e a gasosa. A primeira costuma aliviar e até acabar com sintoma de gastrite. A segunda – engarrafada e vendida nacionalmente – é indicada para cálculo renal e diabetes.

Outro setor que se beneficia das águas é o de cosméticos. No Brasil, o geólogo Fábio Lazzerini descobriu uma fonte em Águas de São Pedro (SP) e criou alguns produtos, como o spray de água termal, indicado para a pele. A Águas de São Pedro, empresa de Lazzerini, é pioneira no país, com concorrentes só no exterior, entre eles, a francesa Evian.

- Garanto que a água brasileira é mais barata e eficiente que a francesa – afirma Lazzerini (P.M.V.)








































































































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